Há um ano, a COVID-19 mudou radicalmente o modo como vivemos e trabalhamos. Nesta fase, e após longos meses de pandemia, a dúvida que continua a persistir é de como as crises económicas e de saúde irão evoluir e quais as mudanças que irão ocorrer, principalmente ao nível das mentalidades.
As organizações, após a primeira fase de adaptação reativa, estão agora atentas ao planeamento do futuro, particularmente como se poderão adaptar às mudanças estruturais dos mercados e das operações, que se irão manter, mesmo depois desta epidemia passar.
Esta crise traz um novo significado ao antigo cliché de que a única constante é a mudança e de que o nosso sucesso, enquanto Pessoas, profissionais e organizações será diretamente proporcional à nossa capacidade de adaptação.
Neste contexto global, o McKinsey Global Institute realizou um estudo em fevereiro deste ano que nos fornece indicações importantes. Para sairmos com sucesso da atual crise, as empresas vão necessitar de requalificar as Pessoas ao nível das competências cognitivas, sociais, emocionais, digitais e de adaptabilidade e resiliência.
Deste estudo, de importância estratégica para a Gestão de Pessoas, destaco quatro áreas de intervenção:
1. Promover a capacidade de trabalho num ambiente mais digital
As competências tecnológicas serão cada vez mais essenciais. As habilidades digitais irão permitir que os Colaboradores se sintam mais confortáveis no desempenho das suas funções e mantenham um contacto contínuo com o ecossistema da sua organização, nomeadamente com Clientes, parceiros e fornecedores. As competências tecnológicas, como por exemplo nas linhas de produção automatizadas, pressupõem que os Colaboradores estejam dotados de uma compreensão mínima de tecnologia crítica, dos conceitos de dados e processos, incluindo a visualização e análise de dados.
2. Maior desenvolvimento das competências cognitivas para redesenhar e inovar
Novos desafios exigem um aprimorar das competências no âmbito da resolução de problemas. O trabalho remoto pressupõe o desenvolvimento de capacidades como a autonomia, criatividade e inovação na identificação de novas soluções, para coordenar projetos remotamente, repensar as cadeias de abastecimento, entre outros desafios.
3. Fortalecer as competências sociais e emocionais para garantir a colaboração e a capacidade de nos exprimirmos de forma eficaz
Devido ao facto das relações se desenvolverem mais à distância, os líderes necessitarão de evoluir ao nível das competências interpessoais e de comunicação, para facilitar a mudança e manter os laços profissionais. No presente contexto, há que cultivar habilidades sociais e emocionais, para sermos capazes de desenvolver de forma remota os relacionamentos que habitualmente eram cultivados pessoalmente.
4. Desenvolver a adaptabilidade e resiliência para prosperar durante e após os efeitos da COVID-19
Para que os Colaboradores usem as novas experiências de hoje como fonte de aprendizagem, eles precisam de desenvolver a autoconsciência, a autoconfiança e a autossuficiência. O reforço da resiliência pressupõe a necessidade de desenvolvimento da capacidade de gestão do tempo, dos limites e promoção do bem-estar mental.
A curto e médio prazo, o grande desafio é que as organizações sejam capazes de apoiar os seus Colaboradores a se apropriarem de ferramentas que lhes permitam operar remotamente, inovar e se adaptarem.
As empresas precisam de estratégias e talentos que concentrem competências cognitivas, sociais, emocionais, digitais, de adaptabilidade e resiliência, independentemente da função, permitindo-nos que saiamos da crise ainda mais fortes. As organizações devem começar a requalificar as suas equipas e desenvolver as competências-chave, que serão necessárias no futuro, que já começou ontem.